Tivi São Lourenço, 17 de maio de 2025
Segurança

Trabalhadores argentinos em situação de escravidão são resgatados em colheita de uva no RS

Estrangeiros ingressaram no Brasil pelo município de Dionísio Cerqueira, no Extremo-Oeste de SC.

Por Oeste Mais

Atualizado em 31/01/2025 | 11:19:00

A fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou quatro trabalhadores argentinos em situação semelhante à de escravidão na colheita da uva em São Marcos, no Rio Grande do Sul. A operação contou com a participação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Polícia Federal (PF), na última terça-feira, dia 28.

Os resgatados são todos homens, com idades entre 19 e 38 anos, vindos da província de Misiones e que ingressaram no Brasil pelo município de Dionísio Cerqueira, no Extremo-Oeste de Santa Catarina.

Eles estavam alojados em uma casa de madeira, bastante velha, com dois quartos que, segundo o depoimento, chegou a abrigar 11 homens ao todo.  As condições de habitação eram totalmente precárias e as vítimas dormiam em colchões no chão, sem armários ou quaisquer outros móveis para guardar os pertences.

Os auditores fiscais relataram que um dos problemas mais graves encontrados no local era o acesso a água potável, pois a mesma água que abastecia as torneiras - captada de um pequeno açude junto à casa - também era usada no banho e na descarga das instalações sanitárias, sendo então devolvida para o pátio, junto ao açude, formando um esgoto a céu aberto na entrada do imóvel. A água, segundo relataram, apresentava cor amarelada e odor fétido. Além disso, os trabalhadores relataram sofrer com alergias cutâneas e diarreia.

Os homens ainda disseram à fiscalização que teriam sido agenciados por um conterrâneo argentino, que buscava trabalhadores na Argentina e os encaminhava a uma arregimentadora de serviços em São Marcos, com a promessa de trabalho bem remunerado, incluindo moradia.

Ao chegar no local, porém, os trabalhadores se depararam com a precariedade e, ao final de uma semana, quando deveriam receber pelos serviços prestados, foram abandonados e não tiveram mais contato com a arregimentadora.

Combate ao trabalho escravo

Em fevereiro do ano passado, uma operação semelhante encontrou 22 trabalhadores argentinos também em condições análogas à escravidão em São Marcos. Com a operação desta semana, já são oito trabalhadores resgatados no estado gaúcho somente em 2025.

Na quarta-feira, dia 29, um Termo de Ajuste de Conjunta (TAC) foi assinado com o produtor rural que contratou os serviços dos trabalhadores, garantindo o pagamento das verbas trabalhistas devidas. Além disso, foram emitidas guias do seguro-desemprego aos argentinos, que terão direito a três parcelas de um salário-mínimo. 

A assistência social do município de São Marcos providenciou estadia e disponibilizou passagens para deslocamento dos trabalhadores, que não desejaram retornar ao país de origem.

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