Três centros de reabilitação para dependência química são alvo de denúncias de trabalho forçado, abusos sexuais e dopagem em Santa Catarina
Trabalho forçado, abuso sexual, dopagem com medicamentos e falta de higiene: essas foram as denúncias que levaram o MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) a investigar dois centros de reabilitação em Indaial e Timbó. Um terceiro denunciado, em Paulo Lopes, foi interditado pela Justiça.
O CRAD (Centro de Reabilitação Álcool e Drogas) de Indaial e o CRAD C.T. Filhos de Deus, de Timbó, têm CNPJs distintos, mas pertencem ao mesmo casal: Volnei Pereira Gomes e sua esposa.
As queixas foram feitas por ex-internos ao Instituto Movimento Humaniza Santa Catarina, de Florianópolis, que levou as denúncias ao MPSC (Ministério Público de Santa Catarina). O caso foi apurado pela reportagem da NDTV Record.
Segundo Ideli Salvatti, presidenta do Instituto, os denunciantes não se conheciam, mas descreveram práticas semelhantes nos centros de reabilitação: uso excessivo de medicamentos, falta de atendimento médico, castigos psicológicos e isolamento.
Os CRADs de Indaial e Timbó sequer se enquadram como comunidades terapêuticas ou clínicas especializadas, modalidades reconhecidas para tratamento de dependência química, por não cumprirem os requisitos mínimos exigidos pela Anvisa.
O MPSC instaurou um inquérito civil para investigar o caso e o processo segue em sigilo. Após a fiscalização, diretores do CRAD de Indaial alegaram problemas financeiros e a impossibilidade de cumprir todas as exigências da vistoria. A unidade foi fechada no início do ano, mas a de Timbó continua recebendo novos internos.
Castigos e ‘laborterapia’: internos denunciam maus-tratos em centros de reabilitação de SC
Os relatos reunidos desde o fim de 2023 pelo Instituto Movimento Humaniza SC revelam um cenário de violações graves. Os CRADs em Indaial e Timbó apresentaram as mesmas irregularidades, em especial sobre trabalho forçado, chamado de “laborterapia” por Volnei Pereira Gomes.
“Eles dizem que é laborterapia, mas a gente era obrigado a ficar o dia inteiro com os cavalos, e quem não obedecia apanhava”, conta um dos ex-internos.
A denúncia enviada ao MPSC destaca que os internos pagavam para trabalhar para o dono da clínica no Vale do Itajaí: “O trabalho não era opcional, era obrigatório, sob pena de castigos físicos, psíquicos ou de serem drogados e trancados em seus dormitórios”.
Além do trabalho forçado na limpeza da clínica e no haras do proprietário, as vítimas sofriam castigos físicos, eram dopadas e obrigadas a comer alimentos estragados, que os monitores recolhiam das lixeiras de supermercados.
“A primeira vez que fui internado foi à força. Eu estava dormindo, aí me acordaram de madrugada, um cara me deu um mata-leão e me levaram”, conta um ex-interno do CRAD de Timbó.
Durante a noite, os internos ficavam trancados em quartos sem acesso ao banheiro. Em alguns casos, urinavam e defecavam nos colchões. Também foram relatadas mortes e tentativas de suicídio dentro dos centros de reabilitação.
“Eu tentei fugir três vezes e foram me buscar. Uma vez fugi e me pegaram na BR, me deram uma surra muito grande, chutes, soco na cara, me enforcaram”, disse uma das vítimas à reportagem da NDTV Record.
Internos eram forçados a limpar fezes de porcos em centro de reabilitação na Grande Florianópolis
A Justiça determinou a interdição do Creta (Centro de Recuperação de Toxicômanos e Alcoólatras), em Paulo Lopes, Grande Florianópolis, em 29 de abril. O caso não tem relação com os centros de reabilitação de Indaial e Timbó.
A decisão foi embasada em um pedido do MPSC, que acompanha as atividades do Creta desde 2006 e já havia apontado diversas irregularidades estruturais, sanitárias, ambientais, trabalhistas e criminais.
Entre as vítimas, estão crianças, adolescentes, adultos e idosos, submetidas a situações descritas como tortura. Os internos serão realocados em instituições que cumpram normas legais e sanitárias.
Os relatos incluem trabalho forçado, abusos sexuais e dopagem com medicamentos sem prescrição médica. Ex-internos disseram que eram obrigados a cortar batatas durante a madrugada, limpar fezes de porcos e lavar talheres em locais com goteiras, sob frio e chuva.
A medicação era usada para silenciar quem pedia para sair ou ver a família. Uma das vítimas contou ter sido dopada por dois dias após pedir para deixar o local. Outra disse que foi transportada com bois e porcos em um caminhão de carga.
A alimentação era precária e os presentes enviados por familiares eram confiscados. Além das denúncias de maus-tratos, a decisão judicial também aponta crimes ambientais, como desmatamento de vegetação nativa e construção em APPs (Áreas de Preservação Permanente) sem licenciamento, e suspeita de desvio de verbas sociais.
Contrapontos sobre o escândalo dos centros de reabilitação
A Prefeitura de Paulo Lopes afirmou que não mantém qualquer vínculo com o Creta. A reportagem do ND Mais tentou contato com o centro de reabilitação por meio dos dois números de telefone disponíveis na internet. Um deles não atendeu, e o outro informou não ter relação com a instituição. O espaço segue aberto.
A Prefeitura de Timbó informou que a vistoria do CRAD da cidade foi realizada pela Justiça, e o processo segue em segredo.
O proprietário do centro, Volnei Pereira Gomes, negou as acusações e afirmou que os ex-internos estão mentindo: “A verdade vai prevalecer”.
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