Tivi São Lourenço, 19 de maio de 2025
Segurança

Homem suspeito de agredir e manter esposa por horas em cárcere privado tem prisão preventiva decretada

RPC apurou que, na audiência de custódia, Lucas Uetanabaro disse ter ficado 'transtornado'. g1tenta localizar a defesa dele. Vítima postou desabafo nas redes sociais. Veja o momento da prisão.

Por G1/PR

Atualizado em 06/01/2024 | 09:55:00

A Justiça decretou nesta sexta-feira (5), após audiência de custódia, a prisão preventiva do cirurgião dentista Lucas Caetano Uetanabaro, de 42 anos. Ele foi preso em flagrante nesta quinta-feira (4) suspeito de agredir a esposa por horas e de mantê-la em cárcere privado.

Vizinhos registraram nesta o momento da prisão realizada na casa dele no Campo Comprido, em Curitiba. O g1 tenta localizar a defesa dele. 

A vítima é a dentista Tatiana Bardini, de 40 anos. Ela compartilhou um desabafo nesta sexta nas redes sociais sobre as agressões sofridas.

De acordo com testemunhas, Tatiana e Lucas tinham vivido juntos por cerca de seis anos. Eles teriam se separado e, recentemente, tentavam reatar o relacionamento.

Porém, nesta quinta, uma nova crise de ciúmes de Lucas teria desencadeado as agressões, que só pararam com a chegada da Polícia Militar (PM).

Quem acionou a polícia foi a irmã da vítima. Segundo os policiais que atenderam a ocorrência, na casa havia muita bagunça e móveis revirados.

Nesta sexta, a vítima prestou depoimento na Casa da Mulher Brasileira. Segundo a delegada Fernanda Moretzsohn, as agressões começaram ainda na madrugada da quinta e continuaram até a tarde motivadas por ciúme.

"Falou que foi a primeira vez, mas que foi agredida com socos, chutes, golpes de mata-leão diversos, inclusive ela chegou a perder a consciência por um tempo. [...] foi ontem, durante toda madrugada e dia inteiro[...] Pelo que foi relatado, ele estava com ciúmes dela e iniciou as agressões por estar transtornado de ciúmes", afirmou.

A delegada afirma que deve ouvir parentes, amigos e vizinhos, e informou o Ministério Público sobre o andamento das investigações.

"As agressões dela são extremamente graves, inclusive com suspeita de traumatismo craniano. Ela foi agredida por muito tempo, então, isso leva a crer que ele não apenas queria lesioná-la, mas que ele tinha a intenção de matá-la e só não concluiu essa intenção em razão de a polícia ter chegado na hora", disse a delegada.
Legalmente, casos de violência doméstica correm sob sigilo. A RPC apurou que, ao ser ouvido, Uetanabaro disse que ficou transtornado, mas não deu maiores explicações sobre o motivo.

Ao fim das investigações, ele deve ser indiciado por tentativa de feminicídio.

Tatiana pediu uma medida protetiva contra Lucas, mas, até a última atualização desta reportagem, a justiça não tinha se manifestado.

'Eu não lembro assim quantas vezes fui enforcada'
Após ser libertada pela Polícia Militar (PM) depois de horas sendo agredida e mantida em cárcere privado, a dentista fez um longo desabafo nas redes sociais onde relatou as múltiplas agressões sofridas. Veja parte do relato abaixo.

“Uma agressão dói, dói, claro que dói. Qualquer agressão dói (...) Mas a maior agressão, o maior sofrimento, é o amor que você sente pela pessoa, o amor incondicional. Isso é devastador, a humilhação é devastadora", desabafou emocionada a mulher.

Ao relatar as agressões, Tatiana Bardini mencionou que o marido jogou objetos nela, deu socos, puxões de cabelo e golpes mata-leão.

"'Eu não lembro assim quantas vezes fui enforcada. Não sei falar pra vocês porque foram muitas [vezes] que eu apaguei. (...) O mata-leão encaixou, encaixou bem, eu achei que eu ia morrer".

Ela contou ainda ter sido arrastada pelos cabelos pela casa.

"Não é a dor do cabelo, é a dor de ver a pessoa que você ama fazendo isso com você". Leia mais detalhes aqui.

Ciclo da violência
De acordo com a promotora Mariana Bazzo, do Ministério Público do Paraná, a base da violência de gênero está no machismo e ocorre em um ciclo de violência contra a mulher que pode começar com sinais silenciosos, mas terminar em feminicídio.

O Instituto Maria da Penha elenca três fases desse ciclo, que foram identificados pela psicóloga norte-americana Lenore Walker. Confira a seguir:

Aumento da tensão: O primeiro passo do ciclo de violência começa quando o agressor se irrita com coisas pequenas, podendo ter acessos de raiva e humilhar a vítima;

Ato de violência: Depois, vem a violência contra a vítima, que pode ser física, moral, psicológica ou financeira;

Arrependimento: Na fase, que também é conhecida como lua de mel, o agressor se arrepende e passa a tratar a vítima com carinho. Nesta fase, a vítima costuma ficar confusa, pensando que o agressor pode mudar. Após isso, o ciclo se reinicia, com o aumento da tensão.

A Central de Atendimento à Mulher recebe denúncias de violência, orienta mulheres sobre seus direitos e faz o encaminhamento para outros serviços quando necessário. O serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana.

É possível ter acesso ao atendimento por meio de uma ligação gratuita para o número 180, por meio de um e-mail para [email protected], pelo aplicativo Proteja Brasil ou no site da ouvidoria.

Patrulha Maria da Penha – 153

A Patrulha Maria da Penha protege, monitora e acompanha mulheres que receberam da Justiça as medidas protetivas de urgência. Vítima ou testemunhas de qualquer descumprimento das medidas protetivas podem acionar o serviço.

A Patrulha Maria da Penha está disponível nas seguintes cidades e por meio dos seguintes telefones:

Arapongas - 153
Araucária - 153
Cascavel - 153
Curitiba - 153
Foz do Iguaçu - 153
Londrina - 153
Maringá - 153
Ponta Grossa - 153
Sarandi - 153
São José dos Pinhais - 153
Toledo - 190
Boletins de Ocorrência Online da Polícia Civil
A Polícia Civil do Paraná permite o registro Boletins de Ocorrência on-line para crimes de lesão corporal (violência doméstica), ameaça, injúria, calúnia, difamação e contravenção cometidos contra mulher, nos termos da Lei Maria da Penha, ou seja, no ambiente doméstico e familiar.

Para registrar a denúncia online basta acessar o site. A Polícia Civil reforça que para registro do B.O por meio do link é preciso ter mais de 18 anos e o caso deve ter ocorrido dentro do Paraná.

A PCPR orienta que se o crime está acontecendo no momento ou ocorreu há pouco, a vítima deve acionar a Polícia Militar pelo telefone 190 ou comparecer presencialmente a uma Delegacia da Polícia Civil do Paraná.

Conheça a Casa da Mulher Brasileira
Em Curitiba, a prefeitura oferece o serviço da Casa da Mulher Brasileira. No local, mulheres vítimas de violência encontram serviço de acolhimento e apoio psicossocial, com assistentes sociais e psicólogas.

O serviço também oferece programas voltados à autonomia econômica das mulheres e brinquedoteca.

No mesmo endereço também estão localizadas a Delegacia da Mulher, a Defensoria Pública, o Juizado de Violência Doméstica e Familiar, o Ministério Público, a Patrulha Maria da Penha.

O atendimento é exclusivo para mulheres residentes de Curitiba, na Avenida Paraná, 870, no Cabral.

Os telefones para contato são: (41) 3221-2701 e (41) 3221-2710.

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