18 de outubro de 2025
Segurança

Advogada que salvou mãe e criança de incêndio é transferida para hospital referência em tratamento de queimados no Paraná

Juliane Vieira, de 28 anos, teve 70% do corpo queimado após salvar mãe e criança de incêndio em Cascavel. Transferência ocorreu nesta sexta-feira (17).

Por G1/PR

Atualizado em 17/10/2025 | 17:03:00

Juliane Vieira, advogada de 28 anos que se pendurou em um suporte de ar-condicionado para salvar a mãe e o primo durante um incêndio no apartamento em que eles moravam, foi transferida nesta sexta-feira (17) ao Hospital Universitário (HU) de Londrina, no norte do estado. A unidade é referência no estado para o tratamento de queimados.

A vítima teve queimaduras em 70% do corpo, inalou bastante fumaça, e estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP), em Cascavel - cidade do oeste do estado onde o acidente aconteceu.

Juliane saiu da UTI para o aeroporto de Cascavel às 12h50, com suporte especial da ambulância Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), em um avião da Secretaria de Estado de Saúde (Sesa-PR). De lá, foi levada de avião para Londrina, onde chegou ao aeroporto às 13h50.

A entrada no HU foi às 14h18.

Na quinta-feira (16), o mau tempo fez a transferência ser adiada. O estado de saúde dela não foi divulgado pelo HUOP, devido à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Juliane salvou a mãe dela, de 51 anos, e um primo de segundo grau, que tem 4 anos.

O incêndio foi em um apartamento no 13º andar e começou na manhã desta quarta-feira (15). O edifício fica no cruzamento das ruas Riachuelo e Londrina, no bairro Country.

Conforme apurado pela RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, o fogo foi visto por trabalhadores de uma obra ao lado do prédio. Eles foram até a portaria do condomínio e avisaram o porteiro, que informou os moradores, desligou o gás e a energia, e disparou o alarme de incêndio.

Imagens publicadas nas redes sociais mostram a mulher pendurada na parte externa do prédio, em cima de um suporte de ar-condicionado, fazendo o resgate.

No apartamento, estavam Juliane, a mãe dela e o primo de 4 anos. Todos estavam dormindo quando o fogo começou. A prima dela, que é mãe da criança e também vive no imóvel, havia saído para ir à academia e não estava no local no momento do incêndio, segundo apurou a RPC.

Depois de sair pela janela e fazer o resgate, Juliane foi retirada pelos bombeiros.

Os outros moradores do prédio saíram do local em segurança.

As chamas foram controladas e o apartamento, que ficou destruído, isolado para inspeção técnica. No início da tarde do mesmo dia, houve uma perícia.

Conforme o perito Rodrigo Cavalcante de Oliveira Neves, a suspeita é de que o fogo tenha começado entre a cozinha e a sala, de forma acidental.

O laudo deverá ser concluído em aproximadamente dois meses.

Vizinhos ajudaram no resgate

Vizinhos ajudaram Juliana a realizar o resgate da mãe e do filho da prima dela pelo apartamento de baixo. Patrick de Andrade foi um deles, e contou que o único medo era de que a mulher acabasse caindo.

"Ela estava pendurada e escorada na caixa de ar-condicionado. Ela estava cansada, mas conseguia se manter, então foi mais o trabalho de ir tranquilizando ela, pois nosso medo era ela tentar descer, a gente não conseguir pegar e ela cair", contou o vizinho.

Patrick mora no mesmo andar em que o fogo começou. Ele e a esposa estavam se arrumando para ir trabalhar, quando ouviram gritos e saíram para ver o que havia acontecido. Quando chegaram ao corredor, viram uma fumaça preta saindo do apartamento vizinho - que estava com a porta trancada.

Quando uma das moradoras do apartamento voltou, conseguiu abrir a tranca. Entretanto, o fogo havia tomado o imóvel.

"A gente tentou socorrer com extintor, mas estava bem alto. Aí fomos acordando os vizinhos. Eu peguei meu cachorro e até inalei um pouco de fumaça, mas está tudo bem. A gente só conseguiu socorrer as pessoas que saíram pela janela no andar de baixo. Foi muito rápido e muita gente envolvida", contou Patrick.

Outros feridos

Além de Juliane, Sueli, mãe dela de 51 anos, teve queimaduras graves no rosto, braços, pernas e inalou fumaça. Além disso, teve as vias respiratórias queimadas. Ela está internada no Hospital São Lucas, de Cascavel. Na manhã desta sexta-feira, a unidade informou que ela permanecia sedada, entubada, e em estado grave na UTI. Ela irá passar por uma nova broncoscopia, no sábado (18).

O menino de 4 anos, filho da prima de Juliane, teve queimaduras no quadril, nas pernas, nas mãos e no rosto. Ele também inalou fumaça e foi transferido ao Hospital Evangélico Mackenzie, de Curitiba, onde passou por procedimentos para cuidados com as áreas queimadas. Ele está internado na UTI pediátrica, conforme atualizações desta sexta-feira.

Um bombeiro que ajudou no resgate teve queimaduras de 1º, 2º e 3º grau nos braços, nas mãos e em parte das costas. Ele está internado.

Outro bombeiro teve queimaduras nas mãos e recebeu alta.

Quem é Juliane

Juliane é advogada e mora em Cascavel. "A Ju sempre foi prática, de resolver as coisas. E o fato de ter salvado a mãe e o primo resume bem quem ela é", afirma Jeferson Espósito, amigo da vítima.

O amigo destaca como outra característica marcante de Juliane a capacidade de superar situações difíceis: "Já vi a Ju passar por dias difíceis, daqueles em que a vontade era ficar na cama, sem enxergar sentido no caminho que estava trilhando. Mas era só questão de tempo até ela recalcular a rota".

Juliane também pratica crossfit. Amigos disseram que ela sempre gostou de fazer publicações nas redes sociais mostrando uma rotina saudável e de exercícios físicos. "Ela gosta de treinar, de sair com os amigos, de estar ao ar livre. Mas também aprecia o silêncio, o seu canto e os momentos com a família", conta o amigo Jeferson Espósito.

Em uma publicação recente, ela aparece durante um treino ao lado do cachorrinho Barthô. O animal também foi resgatado durante o incêndio e não teve ferimentos.

 

 

 

 

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