“Ele se mostrava absolutamente sereno em relação ao crime”, relatou o delegado Rodrigo Dantas, sobre o pai que sequestrou e matou a própria filha, de apenas 1 ano e 9 meses nesta segunda-feira, dia 26, na linha Copinha, no interior de Vargeão, Oeste de Santa Catarina.

O homem de 41 anos residia com a mãe da pequena Hosana Esmeralda Silva Pegoraro, no assentamento Santa Rosa I, interior de Abelardo Luz e teria saído com a bebê após uma discussão seguida de término do relacionamento, conforme informações divulgadas em coletiva de imprensa pela Polícia Civil e Polícia Militar nesta segunda-feira.

“A filha dele permanecia no local, ainda estava pendurada com a corda no pescoço e ele estava próximo e não esboçou qualquer sentimento ou reação de indignação ou tristeza em relação ao que nós encontramos”, ressaltou o delegado sobre a frieza do assassino.

O autor deve responder pelos crimes de feminicídio, ocultação de cadáver e sequestro. Conforme a investigação, ele teria praticado o crime sozinho.

Um policial militar que esteve no local onde o corpo foi encontrado disse ao Oeste Mais que a criança “estava pendurada em pedaços de roupa”. Ainda segundo a fonte, o pai “rasgou uma camiseta e fez um cordão” para matar a filha por enforcamento. Entretanto, na coletiva, a Polícia Civil informou que a menina havia sido enforcada com uma corda.

Ainda segundo o delegado, após matar a filha, o homem ainda disse que tentou se matar por três vezes usando uma camisa, mas não conseguiu.

O sequestro

O caso veio à tona no momento em que a mãe de Hosana, de 25 anos, acionou a Polícia Militar relatando que o casal teria ido visitar familiares do homem, mas uma discussão entre os dois ocorreu durante a tarde e o pai pegou a menina, uma sacola de roupas e cordas. Em seguida, ele correu para uma área de mata e desapareceu.

Já por volta das 23 horas, a PM conseguiu contato telefônico com o autor e iniciou uma negociação que se estendeu até 1h15 da madrugada, quando o homem decidiu se entregar. Ele estava a cerca de três quilômetros da residência quando foi preso, em uma área de lavoura já pertencente ao município de Faxinal dos Guedes.

A mãe da bebê chegou a fazer um apelo nas redes sociais, com fotos da filha e um pedido de ajuda para localizar a criança.

Ligação e confissão

O pai de Hosana confessou o crime através de uma ligação feita ainda no domingo, onde afirmou ter enforcado a menina e também tentado contra a própria vida. Ainda segundo ele, o motivo seria um suposto envolvimento da esposa com um membro de uma facção criminosa da região de Abelardo Luz.

Também durante a chamada, um homem tentava acalmá-lo, pedia para que ele não cometesse nenhum ato e afirmava querer ajudá-lo. Porém, o pai disse na ligação que a filha já está sem vida, mas não quis informar onde ele próprio estava no momento.

Relacionamento conturbado

Ainda durante a coletiva de imprensa, o delegado Rodrigo Dantas explicou que o casal vivia em um relacionamento conturbado. O homem tinha registros policiais por violência doméstica e as crises de ciúme entre os dois eram frequentes.

De acordo com a PM, o homem acumula passagens policiais por injúria, descumprimento de medida protetiva, ameaça, exercício arbitrário das próprias razões, invasão de domicílio, posse irregular de arma de fogo e lesão corporal. O caso segue em investigação pela Polícia Civil, que juntará ao procedimento os laudos periciais do caso e o depoimento de outras testemunhas.

Despedida

Segundo a funerária responsável, Hosana está sendo velada na Capela Bom Pastor, em Abelardo Luz. O sepultamento acontece nesta terça-feira, dia 27, com cerimônia de despedida no cemitério da linha Formigas, interior de Bom Jesus. Nas redes sociais, amigos e familiares deixaram mensagens de carinho e pedidos por justiça para a pequena. 

"Força amiga, que a justiça seja feita e que Deus possa te dar muita força nesse momento tão difícil", escreveu uma amiga da mãe de Hosana. 

"Meus sentimentos amiga, Deus não dorme a justiça dos céus vai vim. Que o senhor possa te dar força nesse momento tão difícil", publicou outro.