Terceira e provavelmente última audiência de instrução do caso está marcada para o dia 26 de janeiro, três dias depois do desaparecimento completar 1 ano.
Esse é o questionamento da mãe do ator Jeff Machado, que tinha 44 anos quando foi assassinado e teve o corpo concretado dentro de um baú na Zona Oeste do Rio.
Maria das Dores Machado enfrenta a dor do luto e à espera de que os acusados pela morte do filho sejam julgados por um júri popular. Com a proximidade das festas de fim de ano, ela conta que a dor chega a ser física.
“O Anderson [outro filho], eu perdi em um acidente de carro, mas o Jefferson, me tiraram ele. O Natal pra mim é em família, vai ser triste. Eu me agarro ao meu neto, meu outro filho, e minha mãe de 94 anos”, diz.
Quase um ano depois, ela ainda não acredita que o filho se foi e vai à missa quase todos os dias em busca de alívio. Para se sentir mais próxima dos que partiram, ela montou uma árvore de Natal com fotos dos filhos e do pai, que também já faleceu.
“Esse laço vermelho eu trouxe do apartamento do Jefferson, usei tudo que eu consegui trazer para decorar. Eu não acredito que perdi meu filho com toda saúde. Ele era parceiro, um filho querido, é uma dor física, um sofrimento enorme para uma mãe”, conta dona Maria.
Duas audiências já foram realizadas no Tribunal de Justiça do Rio, e a próxima está marcada para o dia 26 de janeiro de 2024 – a morte de Jeff completa um ano no dia 23.
O ex-produtor Bruno de Souza Rodrigues e o garoto de programa Jeander Vinicius da Silva Vraga são réus pelo assassinato, por ocultação de cadáver e outros crimes.
“Eu quero que vá a júri popular porque eu preciso da ajuda de outras pessoas para que eles fiquem o máximo de tempo na cadeia. Que eles fiquem velhos, de cabelo branco, dentro da cela, por todo sofrimento que eles me causaram com a perda do meu filho."
Já aconteceram duas audiências do caso no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A última foi no dia 11 de dezembro, quando mais testemunhas foram ouvidas, entre elas, amigos do ator.
A primeira audiência aconteceu em outubro, e somente três pessoas foram ouvidas - a mãe do ator foi um delas. Maria das Dores descreveu Bruno como "extremamente maquiavélico" por ter se passado pelo filho e mentido para ela.
Já o inspetor da Delegacia de Descoberta de Paradeiros, Igor Rodrigues Bello, afirmou ter certeza de que o crime foi premeditado.
O ponto de virada das investigações, segundo Bello, foi o depoimento de um táxi dog que foi contratado para levar os oito cachorros de Jeff para um centro de umbanda desativado.
Ao depor na polícia, o taxista afirmou que no dia 31 de janeiro, Jeff – que na verdade já estava morto - fez contato com ele através do WhatsApp, mas quem apareceu para acompanhá-lo no transporte dos cães foi Bruno.
O taxi dog procurou espontaneamente a polícia, após ver postagens nas redes sociais sobre cachorros da mesma raça que estavam perambulando pela Zona Oeste do Rio.
A investigação concluiu que Bruno se passou por Jeff não apenas nessa, mas em diversas ocasiões após o crime, inclusive para falar com a mãe do ator.
Relembre o caso
Jeff Machado desapareceu no final de janeiro. Ele foi encontrado morto em maio. O corpo estava em um baú concretado pelos réus em uma casa em Campo Grande.
Para a polícia, a motivação do crime foi o ator ter cobrado de Bruno uma falsa promessa de vaga numa novela. Os investigadores acreditam que Jeff chegou a pagar R$ 18 mil aos criminosos.
O MPRJ ofereceu denúncia, através dos promotores de justiça Alexandre Murilo Graça e Sauvei Lai, pelos seguintes crimes:
Homicídio quadruplamente qualificado (motivo torpe, emprego de asfixia, uso de recurso que impediu a defesa da vítima e para ter vantagem de outro crime);
Ocultação de cadáver;
Estelionato;
Crimes patrimoniais contra o espólio do ator (saques, tentativa de venda do carro e da casa, compras com cartão de crédito);
Invasão de dispositivo eletrônico;
Falsa identidade (por se passar por Jeff Machado);
Maus-tratos aos animais.
Apenas Bruno deve responder por todas essas imputações, já que estava em todas as ações. Jeander é acusado de homicídio, ocultação e maus-tratos a animais.
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