Tivi São Lourenço, 12 de maio de 2025
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“O instinto materno nasce junto com a gestação”, diz mãe de criança com paralisia cerebral

Mãe de Francisco Oltramari conheceu um tratamento que pode mudar a vida do filho através de filme na Netflix.

Por Oeste Mais

Atualizado em 11/05/2025 | 09:55:00

Neste Dia das Mães, Maria Laura Oltramari representa a força de tantas mulheres que vivem uma maternidade atípica, marcada por amor incondicional, desafios diários e uma luta constante por dignidade e qualidade de vida para os filhos. Mãe de Francisco Oltramari, de 12 anos, que tem paralisia cerebral, ela vive uma rotina intensa, cheia de obstáculos, mas também de esperança — especialmente agora quando descobriu uma possibilidade de oferecer uma qualidade de vida melhor para o filho.

A assistente social, que mora em Ponte Serrada e trabalha no município vizinho de Faxinal dos Guedes, soube recentemente de um tratamento inovador através de um filme na Netflix. “Os Dois Hemisférios de Lucca”, drama baseado na história real da jornalista Bárbara Anderson, apresenta o Cytotron — um equipamento que estimula a neurogênese (crescimento de novos neurônios). O procedimento, disponível apenas na cidade de Monterrey, no México, pode representar um novo começo para Francisco.

Maria Laura começou uma campanha para arrecadar R$ 300 mil, valor necessário para cobrir o tratamento, passagens, alimentação, hospedagem, plano de saúde internacional e demais despesas para os cerca de 35 dias que deve permanecer no país mexicano com o filho. Até o momento, mais de R$ 56 mil já foram arrecadados, e a passagem de Francisco foi doada. O atendimento do menino já está agendado para agosto deste ano e o valor precisa ser arrecadado até lá. 

“O Francisco será o primeiro paciente com esquizencefalia a fazer esse tratamento. No papel é pra gente ter muito ganho. No filme, o menino fala as primeiras palavras, dá alguns passos. A gente tem consciência que não vai voltar com ele caminhando, falando, correndo por aí, mas o que a gente tiver de ganhos, pra nós já está mais do que bom”.

Uma vida de cuidados e superação

Desde a descoberta da gravidez, ainda na adolescência, Maria soube que o filho teria uma condição neurológica. Os médicos inicialmente suspeitavam de hidrocefalia, mas após o nascimento, veio o diagnóstico: esquizencefalia bilateral de lábios abertos — uma condição rara que afeta o desenvolvimento do cérebro.

Francisco não fala, não caminha e tem baixa visão. Desde os três meses de vida, ele frequenta a Apae, recebe sessões de fisioterapia, fonoaudiologia e outros acompanhamentos médicos. A maternidade para Maria Laura nunca foi simples.

“É uma sobrecarga não só mental, como física também. [...] “Os cuidados são 24 horas. Então, você precisa ter rede de apoio. Acho que sem rede de apoio, é quase impossível você ter uma saúde mental”, afirma. E essa rede existe desde sempre, onde Francisco recebe da avó materna, tias e até mesmo da irmã mais nova, Iris, de 1 ano e 10 meses, muitos cuidados diários e carinho.

Amor que transforma

Apesar das dificuldades, Maria relata que o amor nasceu com a gestação.

“O instinto materno nasce junto com a gestação, porque é incrível. Você aprende as coisas de forma tão natural, e na gestação, quando você começa a escutar o coração, vê ele se mexendo, é tão lindo, cria sozinho esse amor. É transformador!”.

Esse amor se multiplica diante dos desafios diários. Hoje, Francisco frequenta a Apae no período da manhã, e à tarde, Maria se dedica exclusivamente aos cuidados dele. Ela conseguiu redução de carga horária no trabalho por ser mãe atípica, o que permitiu uma rotina mais presente e cuidadosa.

Ela também compartilha nas redes sociais o cotidiano com o filho para conscientizar e sensibilizar a sociedade. “As pessoas precisam entender que não é fácil”, comenta.

Entre as maiores dificuldades enfrentadas por Maria Laura está as saídas com Francisco. Isso porque, com o crescimento dele, fica mais complicado montar e desmontar a cadeira que ele utiliza. Como ainda não tem um veículo adaptado, tudo acaba se tornando difícil para a família.

Mãe e filho, lado a lado

Maria e Francisco têm uma relação de afeto e cumplicidade. Juntos, participaram até de corridas de rua com um triciclo adaptado adquirido por meio de doações. A mãe conta que pretende retomar as atividades esportivas ao lado do filho. “O Francisco é muito sorridente. Ele adora carinho, gosta de estar perto das pessoas. [...] Ele precisa ter esse contato com a sociedade e também merece estar ali com a gente. Então, a gente dá um jeito”, comenta.

Hoje, Maria e Francisco também têm a companhia do esposo e padrasto, e da filha e irmã mais nova, a Iris. Segundo a mãe, a filha ama a companhia do irmão Francisco, e o carinho que ela tem por ele chega a ser emocionante. A chegada de Iris fez com que o amor de Maria Laura dobrasse de tamanho e deixasse a vida mais leve e cheia de felicidade.

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