Tivi São Lourenço, 30 de julho de 2025
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Prefeito vive como morador de rua, caminha 40 km e defende internação involuntária em SC

Experiência incluiu pedido de esmola e levou à defesa de ações mais duras contra o tráfico e busca por diálogo com o Estado e a União

Por ND Mais

Atualizado em 29/07/2025 | 11:06:00

O prefeito de Criciúma, Vaguinho Espíndola (PSD), viveu uma experiência como morador de rua para testar políticas públicas e sentir na pele o que passam as pessoas que vivem essa realidade no dia a dia. A experiência ocorreu no dia 10 de julho, quando o prefeito percorreu quase 40 quilômetros pelas ruas da cidade.

Em um vídeo publicado no Instagram, Vaguinho mostra a realidade enfrentada por ele durante a experiência, que começou por volta das 18h30 e seguiu até o início da madrugada, quando foi abordado por uma equipe da assistência social. O prefeito revelou ter passado ao lado dos filhos, que não o reconheceram.

“A ideia partiu de mim mesmo, para me colocar no lugar do outro, sentir na pele o que o outro está sentindo e, aí sim, ter sensibilidade para trabalhar políticas públicas — mas não apenas em uma narrativa, em uma reunião de equipes. É, de fato, sentir na pele, ir para a rua”, esclareceu em entrevista ao jornalista João Paulo Messer, da Rádio Eldorado.

Durante a experiência, Vaguinho percorreu pontos centrais da cidade, como as praças do Congresso e Nereu Ramos. Ao anoitecer, dirigiu-se à região do Pinheirinho, onde circulou por áreas próximas aos trilhos, locais com presença de pessoas em situação de rua. Toda a ação foi informada apenas à esposa e aos envolvidos na captação de imagens, que fizeram o acompanhamento à distância, com câmeras escondidas.

Prefeito vive como morador de rua e arrecada esmola

A imersão de Vaguinho como morador de rua incluiu também o ato de pedir esmolas nos semáforos de Criciúma. Em apenas 15 minutos, o prefeito arrecadou quase R$ 6. A generosidade foi sentida também em momentos em que recebeu café de uma criança e um pedaço de pão de um idoso.

“Próximo de lanchonetes, eu pude testar e confirmar o que já se sabe: o quão solidária a população criciumense é. Um menino trouxe um copo de café, um senhor trouxe um pão. Na sinaleira, isso foi emblemático para mim. Em menos de 15 minutos, eu consegui levantar R$ 5,75. A primeira sinalização é que as pessoas vêm para Criciúma porque dizem entre elas que o povo de Criciúma ajuda, é solidário”, afirmou.

Internação involuntária será proposta por Vaguinho

A experiência vivida pelo prefeito de Criciúma resultará em ações. Ele afirma que está decidido a aplicar a internação involuntária para pessoas que vivem nas ruas e que não apresentam condições de permanecer nessa situação. Vaguinho não explicou como isso será estabelecido, mas disse que a medida será aplicada.

“Vamos estabelecer. Muitos destes que estão nas ruas não têm mais condição de gerir a própria vida, não sabem o que é bom para eles. Já estou decidido e vou encaminhar, aliado ao novo protocolo, junto com as forças de segurança”, afirmou.

O prefeito ainda disse que vai estabelecer diálogo com o Governo do Estado e com a União para buscar políticas públicas eficientes, além de recursos que auxiliem os municípios a manter as próprias ferramentas já existentes. Entre os serviços disponibilizados em Criciúma estão a Casa de Passagem, o Centro POP, a Central de Empregos e clínicas de desintoxicação.

“O Estado e a União precisam rever as políticas públicas. Os recursos são insuficientes; os municípios arcam com todas essas despesas de internação e de políticas públicas. É preciso rever o orçamento para que chegue aos municípios com políticas mais efetivas”, justificou.

Combate ao crime organizado

Vaguinho ainda elencou o combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas como essencial na luta para retirar as pessoas das ruas. Após a experiência, o prefeito concluiu que as drogas não são as maiores responsáveis por levar as pessoas às ruas, mas sim por mantê-las nessa realidade.

“Não tem como estarem na rua sem estarem vivendo esse mundo, e quem alimenta esse mundo é o crime, o tráfico, as facções. Estive na praça do Pinheirinho, a gente viu como as coisas estão acontecendo. As pessoas que estão ali são reféns e vítimas desse sistema criminoso”, contou.

Nos próximos dias, a Prefeitura de Criciúma apresentará um conjunto de medidas com foco em segurança, combate às drogas e aprimoramento das políticas de acolhimento. As decisões serão baseadas na experiência vivida pessoalmente pelo prefeito, com apoio de técnicos do Município.

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