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As festas podem doer, mas também podem ser oportunidades para romper velhos ciclos, olhar para a própria história com mais verdade.
As luzes acesas, as mesas cheias, as fotos de família impecáveis nas redes sociais e tudo parece comunicar a mesma mensagem: “é tempo de alegria”. Mas, enquanto as vitrines brilham, muitas pessoas sentem exatamente o contrário: angústia, tristeza, sensação de inadequação e até vontade de se isolar.
A verdade é que o sofrimento no fim do ano é muito mais comum e complexo do que imaginamos e não tem nada de errado com quem o vivencia. Sentimentos subjetivos de tristeza, solidão e pressão emocional aparecem com frequência maior nesse período.
O sofrimento existe, mas na maioria das vezes, ele se manifesta como uma angústia silenciosa, discreta por fora, embora intensa por dentro, e não necessariamente como uma crise clínica evidente.
Para muitas pessoas as festividades de final de ano despertam emoções como:
Na clínica, chamamos isso de melancolia de fim de ano: sentimentos geralmente transitórios, mas que podem ser intensos, especialmente em quem já carrega histórias familiares complexas.
Se as festas mexem com tanta gente, é porque não são apenas eventos no calendário são cenários simbólicos carregados de memória, história e papel social. Para a psicanálise, a família não é apenas um “núcleo de pessoas”, mas um tecido emocional onde se tecem pertencimento, falta, desejo e feridas e o fim do ano é o momento em que esse tecido é reencontrado, revisitado e, muitas vezes, reaberto.
- As festas reativam papéis inconscientes: todo sujeito ocupa um lugar específico dentro de sua família: o que apazigua, o que não fala, o que provoca, o que cuida, o que “nunca está à altura”.
Nas festas, esses papéis aparecem quase sem esforço, como se estivéssemos entrando novamente em um palco.
- A transmissão transgeracional do sofrimento: traumas, padrões emocionais, segredos e silêncios familiares passam de geração em geração.
Encontros familiares têm o poder de trazer à tona velhas dores que nem sempre são nomeadas, mas são sentidas.
O que foi reprimido, escondido ou não elaborado costuma bater à porta com força quando o calendário vence dezembro.
- A fantasia social da “família perfeita”: A cultura cria um ideal:
“Família reunida, mesa farta, alegria garantida.”
Quando a história real não corresponde ao ideal, a pessoa sente vergonha, falha, inadequação, ainda que não seja responsável por nada disso.
Aqui estão alguns caminhos para compreender por que cada um reage de maneira tão diferente:
Famílias rígidas, controladoras ou autoritárias
Pessoas que cresceram em ambientes assim podem sentir:
O fim do ano vira um teste silencioso de performance emocional.
Famílias negligentes ou afetivamente ausentes
Quem cresce sem afeto consistente pode sentir:
O ritual, que deveria simbolizar união, lembra a falta.
Famílias marcadas por trauma, perdas ou violência
Encontros podem despertar:
Nesse caso, o feriado deixa de ser festa e se torna gatilho.
Famílias acolhedoras e flexíveis
Pessoas oriundas de ambientes mais seguros tendem a vivenciar as festas com menos angústia, porque:
Esses ambientes funcionam como “base segura”, mas isso não significa que quem não teve isso esteja condenado ao sofrimento.
Existe algo profundamente adoecedor nessa cobrança silenciosa de que todos deveriam estar felizes, ao mesmo tempo, pelo mesmo motivo, como se a vida emocional obedecesse a calendário.
As festas são rituais, e rituais carregam símbolos. E símbolo nenhum é neutro. Eles tocam camadas muito antigas da nossa história, despertam lembranças, feridas, ausência e cada pessoa tem um inconsciente único, marcado por vivências que não se apagam só porque o mundo decidiu celebrar.
A psicanálise não oferece soluções prontas, mas oferece compreensão e isso já muda tudo. A partir dessa compreensão, algumas orientações podem ajudar:
1. Nomear o que se sente: não lutar contra a angústia já é um começo.
É normal e humano. E não precisa ser performado nem escondido.
2. Estabelecer limites: limitar tempo, conversas e espaços pode ser um ato de cuidado. Você não precisa reviver padrões que te machucam.
3. Criar novos rituais: rituais não precisam ser herdados e podem ser construídos. Uma ceia diferente, uma viagem, um encontro simples, um momento só seu.
4. Formar sua “família escolhida”: às vezes, afeto não vem de laços de sangue, mas de laços de confiança.
Amigos, parceiros, colegas, pessoas que acolhem e reconhecem.
A psicanálise valida essa possibilidade: o pertencimento pode ser reconstruído.
5. Buscar apoio quando o sofrimento persiste: Se a angústia ultrapassa o suportável, ou se há depressão, ideação suicida ou exaustão emocional, buscar ajuda profissional é um gesto de responsabilidade consigo.
As festas podem doer, mas também podem ser oportunidades para romper velhos ciclos, olhar para a própria história com mais verdade e, aos poucos, construir algo novo, pois nem sempre teremos a família que desejávamos, mas podemos criar vínculos mais saudáveis, experiências mais autênticas e rituais que nos representem.
O fim do ano não tem obrigação de trazer alegria.
Mas quando é vivido com honestidade, ele abre espaço para algo muito mais real: transformação.
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Lays de Almeida – Psicanalista
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