Tivi São Lourenço, 25 de agosto de 2025
Segurança

Sob ameaças de pai e madrasta, adolescentes do PR eram forçadas a produzir até 20 conteúdos sexuais por dia

Madrasta e uma outra mulher foram presas. O pai continua foragido. Adolescentes de 14 e 16 anos eram obrigadas a enviar até 10 vídeos por dia cada, até às 22h. Segundo a polícia, suspeitos ameaçavam e

Por G1/PR

Atualizado em 25/08/2025 | 10:32:00

Conversas reveladas pela polícia mostram como pai e madrasta impunham metas diárias de dez vídeos de conteúdo sexual a duas adolescentes, de 14 e 16 anos. O esquema usava linguagem de “seita” para coagir as vítimas, segundo o delegado de Polícia Civil (PC-PR), Gabriel Fontana. Veja acima.

As conversas obtidas com exclusividade pela RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, expõem como os suspeitos faziam cobranças constantes, utilizando mensagens com tons de misticismo e ameaças para garantir o envio dos conteúdos diariamente até as 22h. Em alguns trechos, os suspeitos determinavam que as meninas tinham apenas uma hora para concluir o “acordo diário”.

"Por favor, não hesite em errar de novo, ou novamente para que apaguem-se todas as suas oportunidades, ok? Seja esperta e não faça por errar para que tenhas que ser punida sem chance de volta [...] Você tem apenas uma hora a partir de agora para concluir seu acordo diário, ok? Não perca tempo e mais esta oportunidade de redenção", escreveram.

A madrasta foi presa na quinta-feira (21), em Curitiba. No mesmo dia, uma segunda mulher também foi detida em Cerro Azul, na região metropolitana da capital. O pai continua foragido, segundo a polícia. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados para proteger a identidade das vítimas.

A segunda mulher foi presa por ligação com números de telefone usados para solicitar e divulgar as imagens. As duas mulheres foram levadas à delegacia de Rio Branco do Sul para depoimento.

As jovens vítimas de exploração são irmãs e apenas a mais velha, de 16 anos, é filha do homem que está foragido. As duas moram com a mãe, segundo a polícia.

Os investigados respondem por coação, divulgação e armazenamento de imagens de exploração sexual infantojuvenil, associação criminosa e ameaça.

Segundo o delegado, em outubro de 2024, durante um passeio em um parque de Curitiba, o pai vendou as adolescentes e as levou para a casa dele. Com ajuda da atual esposa, ele gravou os primeiros vídeos de conteúdo sexual das vítimas.

Após isso, o homem passou a chantagear constantemente as jovens, estipulando metas diárias de até dez vídeos por dia, com prazo de entrega até as 22h. Os suspeitos ameaçavam divulgar amplamente as imagens, caso as vítimas não cumprissem com os prazos, segundo o delegado.

"Fato esse que inclusive aconteceu em um determinado momento. As meninas não encaminharam esse conteúdo que havia sido estipulado e houve a divulgação de vídeos dessas meninas por meio das redes sociais", disse o delegado.
O caso foi denunciado em fevereiro deste ano, quando a mãe das vítimas recebeu ameaças de divulgação de vídeos de conteúdo sexual das filhas. As mensagens eram enviadas pelo suspeito.

Por causa da divulgação de um dos conteúdos, uma das adolescentes perdeu o emprego.

Além do pai, a madrasta e outra mulher participavam das ameaças e se revezavam no envio das mensagens às garotas.

"As mensagens tinham um contexto de um culto, uma espécie de seita, ele se passava por oráculo [...] Era um conteúdo de pornografia explícita não só entre as duas vítimas, mas também delas com terceiros", explicou o delegado.

Investigação
Durante as diligências, os agentes apreenderam celulares e computadores e encontraram provas de conversas entre o pai e a madrasta, além de registros de números de telefone com DDD do Amazonas.

A polícia trabalha com a hipótese de que o material produzido era comercializado em redes criminosas especializadas nesse tipo de conteúdo.

A polícia continua investigando o caso, tenta localizar o pai e verifica se há mais pessoas envolvidas no crime.

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