Tivi São Lourenço, 23 de julho de 2025
Segurança

Dentista morre dentro de cela em SC e família alega que polícia confundiu infarto com embriaguez durante prisão

Segundo o advogado da família, Cesar Maurício Ferreira teve um infarto agudo enquanto dirigia e sintomas foram confundidos com uso excessivo de álcool. Polícia Civil investiga as circunstâncias da mor

Por G1

Atualizado em 22/07/2025 | 17:16:00

O dentista e servidor público Cezar Maurício Ferreira, de 60 anos, foi encontrado morto em uma cela da Central de Polícia de São José, na Grande Florianópolis, no último sábado (19). A família busca respostas sobre a ocorrência e alega que a morte foi resultado de uma sequência de erros das polícias Militar e Civil, que teriam começado após ele se envolver em um acidente de trânsito na noite anterior.

Cezar estava sozinho no veículo e foi detido por suposta embriaguez ao volante após colidir com a traseira de outro carro. O advogado da família, Wilson Knoner, no entanto, diz que ele estava sofrendo um infarto agudo e que não tinha ingerido bebida alcoólica.

"O que ele estava passando era por um infarto agudo, com os sintomas típicos, inclusive de delírios, e que podem, sim, ser confundidos com o estado de embriaguez em um primeiro momento", relatou.

Os laudos que vão apontar a causa da morte devem sair em até 15 dias. A Polícia Civil informou que solicitou um relatório de inteligência da Diretoria de Inteligência (DINT/PCSC), para que os fatos "fossem devidamente apurados com a máxima urgência".

O defensor reitera que a partir desse momento decisões equivocadas das corporações levaram à prisão indevida e morte de Cezar, que também era servidor do Tribunal Regional do Trabalho (TRT).

Knoner alega que o motorista tinha problemas cardíacos, levava uma vida saudável e não bebia por motivos religiosos. A morte, segundo ele, só foi constatada cerca de 11 horas após a prisão, ocorrida no local da colisão, na Rua Cândido Amaro Damásio, no bairro Bela Vista.

"Ao invés de receber uma ambulância, ele recebe uma condução de camburão. E, ao invés de ir para um hospital receber um tratamento, ele vai para uma cela fria de uma delegacia, com entrada às 8h49 da noite, e é encontrado já sem vida, com o corpo enrijecido, por volta das 7h40 da manhã, dentro dessa cela fria da delegacia, sem receber nenhum atendimento médico", diz.

O advogado afirma que muitas informações sobre a abordagem, detenção e morte ainda não foram esclarecidas, e que a família sequer havia sido avisada da prisão. Nesta semana, a defesa vai protocolar pedidos junto ao Ministério Público para cobrar uma investigação.

"A lei determina vários momentos, [como] uma entrevista com a pessoa que é conduzida. Ele foi conduzido supostamente por ter dirigido embriagado. Mas o que ocorreu nessas entrevistas que a lei manda? Qual foi a qualidade dessa entrevista? O que de fato foi feito? A família não sabe ainda", pondera.

Em nota, a Polícia Militar reafirmou que os policiais identificaram sinais de embriaguez ao conversar com o condutor e que ele não conseguiu realizar o teste do bafômetro quando o etilômetro lhe foi oferecido.

Já a Polícia Civil, informou que determinou prioridade máxima na apuração do caso e solicitou um relatório de inteligência sobre a ocorrência

O que diz a PM

A Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), por meio do 7º Batalhão de Polícia Militar (BPM), atendeu, na sexta, 18 de julho, às 20h35, uma ocorrência na rua Cândido Amaro Damásio, no bairro Bela Vista, em São José, referente a um acidente de trânsito com apenas danos materiais.

Ao chegar ao local, a guarnição — acionada pelo Copom — foi atendida pelo solicitante, que relatou estar trafegando pela via pública, saindo de uma oficina, quando outro veículo colidiu na traseira de seu carro.

Os policiais, ao conversarem com o outro condutor, perceberam que ele apresentava sinais de embriaguez. A guarnição ofereceu o etilômetro, porém ele não conseguiu realizar o teste. Seguindo os protocolos, foi realizado o auto de constatação, pois o condutor apresentava mais de um sinal de embriaguez.

Diante disso, a guarnição realizou todos os procedimentos de trânsito cabíveis. O veículo do condutor que causou o acidente foi removido ao pátio conveniado, por estar com o licenciamento vencido. A autoridade competente lavrou o auto de prisão em flagrante, e o condutor foi encaminhado à Delegacia de Polícia.

A PMSC está à disposição para eventuais esclarecimentos sobre a ocorrência citada.

O que diz a Polícia Civil

A Polícia Civil de Santa Catarina informa que está investigando as circunstâncias da morte de um homem, na noite de sábado, 19 de julho, após prisão em flagrante realizada pela Polícia Militar.

A vítima teria se envolvido em um acidente de trânsito e foi conduzida pela Polícia Militar à Central de Plantão Policial de São José em razão de indícios de que estaria dirigindo sob efeito de álcool.

Ao tomar conhecimento dos fatos, na tarde de ontem, o Delegado-Geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel, que solicitou um relatório de inteligência da Diretoria de Inteligência (DINT/PCSC), enviando as informações para a Delegacia Regional de São José, para que os fatos fossem devidamente apurados, com a máxima urgência.

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