28 de novembro de 2025
Segurança

Rapaz que morreu logo depois de padrasto no PR teve complicações por uso de cigarro eletrônico, aponta atestado: 'Mais quantas mães vão chorar pelos filhos?'

Caso aconteceu em Santo Antônio da Platina. Angélica Silva, mãe e viúva, disse que foi durante a internação do filho, de 16 anos, que soube que ele estava usando cigarros eletrônicos há dois meses.

Por G1/PR

Atualizado em 28/11/2025 | 11:26:00

O atestado de óbito de Vitor da Silva, de 16 anos, apontou que o jovem não resistiu a complicações causadas pelo uso de cigarro eletrônico. Ele morreu um dia depois do padrasto João Gonçalves, de 55, que teve um infarto ao visitar o enteado no hospital, em Santo Antônio da Platina, no norte do Paraná.

Segundo Angélica da Silva, viúva e mãe, foi durante a internação de Vitor que ela soube que o filho estava usando cigarros eletrônicos há dois meses. O atestado de óbito do jovem foi emitido na tarde de quinta-feira (27) e revelou que ele teve sepse de foco pulmonar e insuficiência respiratória aguda por tabagismo com uso de cigarro eletrônico.

"Esse cigarro eletrônico pode parecer inofensivo, mas ele acabou com a minha família em dois dias, perdi meu filho e perdi meu marido. [...] É uma modinha, só que mais quantas mães vão chorar pelos filhos por causa disso?", disse Angélica.

 Desde 2009, esses dispositivos não podem ser vendidos no país. Apesar disso, são facilmente encontrados no comércio ou online. Veja mais abaixo.

Os primeiros sintomas que Vitor apresentou foram vômitos e dor de garganta. Com isso, ele foi levado ao Hospital Nossa Senhora da Saúde no sábado (22).

Na unidade, os médicos perceberam que os rins do jovem estavam falhando, que havia uma infecção no pulmão e que seria necessário interná-lo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Norte Pioneiro.

"O médico falou que esse machucado que ele estava na garganta foi o cigarro eletrônico, que conforme você vai fumando, ele vai machucando, causando essa ferida na garganta", conta Angélica.

De acordo com Angélica, Vitor teve bronquiolite até os dois anos. Uma das médicas explicou para a mãe, que isso se tornou um fator de risco para o jovem e também contribuiu para a gravidade do caso.

A RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, tentou contato com o médico que realizou o atendimento do jovem. Entretanto, ele disse que não poderia fornecer detalhes sobre o caso.

Proibição do cigarro eletrônico

Em abril de 2024, diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiram, por unanimidade, manter proibida a comercialização no Brasil dos cigarros eletrônicos, também conhecidos como vapes.

Para embasar a discussão, a agência elaborou um relatório que avaliou o impacto no país da proibição nos últimos anos, e considerou alguns pontos como o aumento do fumo entre os jovens, potencial de dependência, ausência de estudos no longo prazo e impactos na política de controle do tabaco.

Para o pneumologista João Carlos Thomson, o cigarro eletrônico tem sido mais consumido do que o cigarro comum, atualmente.

"O que parecia ser mais inocente, eles foram aumentando com o passar do tempo, colocaram várias substâncias que também tem no cigarro comum e, principalmente a nicotina, que traz a possibilidade de vício. Óbvio que, dependendo da situação e como está a imunidade da criança ou do adolescente, a doença pode evoluir mais rápido", disse o especialista.

Morte do padrasto

Quando soube que o filho seria entubado, Angélica conta que ligou para o marido João em desespero. No domingo (23), o padrasto chegou para a visita na UTI e apresentou os primeiros sintomas de ataque cardíaco ainda na recepção.

"Eu só vi que os médicos ali da UTI saíram correndo e eu não entendi por quê. Meu esposo, quando ele chegou na recepção da UTI, ele nem chegou a ver o Vitor. Ele teve infarto fulminante ali", Angélica lembra.

O sepultamento de João aconteceu na segunda-feira (24).

Angélica e João estavam juntos há oito anos. Ela relata que o filho e o marido eram amigos, sendo que o homem, que era pastor, batizou o adolescente e o ajudou a arrumar um emprego.

"E ele amava, e nem eu sabia que ele amava tanto assim meu filho para não suportar a notícia que ele estava entubado", Angélica lamenta.

 

 

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