Tivi São Lourenço, 30 de julho de 2025
Gerais

Seis meses após morte de influenciador em SC, CFM proíbe uso de anestesia geral para fazer tatuagem

Ricardo Godoi morreu em 20 de janeiro. Ele recebeu anestesia geral para fazer uma tatuagem nas costas.

Por G1/SC

Atualizado em 28/07/2025 | 17:46:00

Seis meses após a morte do influenciador e empresário Ricardo Godoi, de 46 anos, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu o uso de sedação, anestesia geral ou bloqueios anestésicos periféricos para a realização de tatuagens. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta segunda-feira (28).

De acordo com a resolução do CFM, a proibição vale para procedimentos de todos os tamanhos e em todas as regiões do corpo. A exceção é no caso de tatuagens indicadas por médicos para reconstrução de partes do corpo.

Godoi recebeu anestesia geral para fazer uma tatuagem nas costas. O médico que fez a aplicação responde a um processo judicial. A denúncia do MPSC foi aceita em 7 de julho.

Processo

O profissional foi denunciado por homicídio culposo. Segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), ele atuou com negligência ao não realizar consulta prévia ou exigir exames obrigatórios. O nome do anestesista não foi divulgado.

O MP detalhou que o médico, de 34 anos, conheceu o paciente apenas no momento do procedimento, o que violaria as normas técnicas do Conselho Regional de Medicina (CRM/SC).

Além disso, o anestesista não pediu exames como eletrocardiograma e radiografia de tórax, que são condutas recomendadas a pacientes com histórico de hipertensão e idade superior a 40 anos.

O médico foi indiciado em maio. Na última sexta-feira (4), o MP chegou a oferecer uma proposta de Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) ao profissional, que foi negada por ele.

O acordo é uma ferramenta judicial onde o investigado confessa o crime e se compromete a cumprir condições estabelecidas pelo Ministério Público.

Causa da morte

A causa da morte do Godoi foi parada cardiorrespiratória, conforme a própria declaração do hospital. O exame pericial no corpo do empresário e influenciador confirmou a suspeita de que ele tinha hipertrofia no coração (desenvolvimento excessivo do músculo do coração). Ele não chegou a fazer a tatuagem.

A declaração de óbito citou o uso de anabolizante como uma "condição significativa" que contribuiu para a morte. A família, no entanto, afirmou à Polícia Civil que o empresário não usava as substâncias há cerca de cinco meses e que fez exames que indicaram aptidão ao procedimento.

Godoi era pai de quatro filhos, avô de uma neta, casado e dono de uma empresa de carros de luxo. Ele morreu no Hospital Dia Revitalite, que se pronunciou por nota explicando que forneceu somente uma sala operatória e equipamentos (confira a nota mais abaixo).

O que diz o hospital

O hospital publicou uma nota sobre o caso em uma rede social:

O Hospital Dia Revitalite vem a público expressar suas mais sinceras condolências aos familiares do Sr. Ricardo Godoi, que infelizmente faleceu durante procedimento realizado por intermédio de médico particular contratado pelo studio de tatuagem e pelo próprio falecido.

Esclarecemos que a atuação do hospital se limitou à disponibilização de uma sala operatória e demais equipamentos necessários homologados pelo CRM/SC e que compõem uma Sala Cirúrgica completa.

Ressaltamos, portanto, que o Hospital Dia Revitalite não teve qualquer participação no procedimento realizado, tampouco qualquer membro do nosso quadro clínico esteve envolvido em qualquer etapa do procedimento até a intercorrência.

Como em todo e qualquer caso, estamos colaborando integralmente com as autoridades competentes e fornecendo todos os esclarecimentos e documentos protocolares exigidos por lei para a apuração das circunstâncias que levaram ao lamentável ocorrido.

Reafirmamos nosso compromisso com a segurança e o bem-estar de todos que utilizam nossas instalações e serviços.

Neste momento de dor, renovamos nosso apoio e solidariedade aos familiares e amigos.

O que diz o estúdio de tatuagem

Primeiramente o Studio de Tatuagem lamenta profundamente o falecimento do Ricardo, que além de cliente era um grande amigo do proprietário do Studio. Esclarecemos que o Ricardo iria fazer conosco um fechamento de costas com anestesia geral, sedação e intubação. Para isso contratamos um hospital particular com toda equipe, equipamentos e drogas anestésicas necessárias para a segurança do procedimento. Contratamos também um médico com especialização em anestesiologia e experiência em intubação, que teve sua documentação aprovada pelo hospital.

Foram solicitados previamente exames de sangue, que não apontaram nenhum risco explícito [para] a realização do procedimento. O Ricardo assinou o termo de consentimento de risco do procedimento. O que ocorreu é que no começo da sedação e intubação ele teve uma parada cardiorrespiratória, que ocorreu antes mesmo de começarem a tatuarem ele, que foi verificado rapidamente e chamado um cardiologista para tentar reanimar ele, infelizmente sem sucesso.

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