Lucas Felype Vieira, de 20 anos, ficou três meses no país com a promessa de trabalhar com drones. Ao perceber que seria enviado para o campo de batalha, tentou quebrar o contrato, mas documento exigia
O paranaense Lucas Felype Vieira Bueno, de 20 anos, que havia se voluntariado para lutar na guerra da Ucrânia, fugiu do país após receber ordens para se deslocar para perto da linha de frente. Ele afirma que tentou quebrar o contrato com o governo ucraniano, mas o documento exigia permanência mínima de seis meses. Lucas estava no país sob a promessa de atuar no trabalho com drones.
Natural de Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná, o jovem contou que deixou a base militar na madrugada do dia 12 e caminhou cerca de 20 quilômetros até conseguir carona.
“Quanto mais passavam os dias, mais eu estava perto do front, e chegou uma hora que eu estava no limite. Uma hora eu pensei, ou eu preciso agir, ou pode ser que para onde eu vá não tenha mais volta. Então, comecei a me planejar, a ver rota e decidi ir embora, porque a situação começou a ficar insustentável”, conta Lucas em entrevista exclusiva ao g1.
De acordo com o especialista em Direito Internacional, Pablo Sukiennik, o contrato que Lucas assinou é regido pela lei ucraniana e ele poderá responder por deserção.
"A depender do tratamento dado pela lei, poderá ocorrer um pedido de extradição", afirma.
Jornada de travessia
O jovem, que estava no país havia três meses, relatou que começou a ser direcionado para o campo de batalha, o que, segundo ele, foi contra o combinado.
Segundo ele, o deslocamento até deixar a Ucrânia durou cinco dias, grande parte do trajeto foi feito a pé.
O g1 optou por não revelar o país em que Lucas está para não comprometer a segurança do jovem.
“A maior parte da minha jornada foi a pé [...] Foram cinco dias da viagem mais tensa da minha vida [...] Cada barreira que eu passava era um frio na barriga. Todo esse trajeto que fiz foi um tiro no escuro, eu não sabia se realmente iria conseguir sair dessa”, disse.
Lucas saiu da região de Kharkiv, no nordeste do país, e passou por Kiev (500 km) e Lviv (550 km) antes de chegar até a fronteira, a cerca de 70 km da última cidade. Foram mais de mil quilômetros percorridos em toda a travessia.
Ele disse que conseguiu algumas caronas nas proximidades de centros urbanos, mas enfrentou dificuldades ao tentar atravessar a fronteira.
“A autoridade conseguiu puxar todos os meus dados, tomei um chá de cadeira, mas no fim consegui atravessar”, diz ele.
Após cruzar a fronteira, o paranaense recebeu um visto de turismo. Ele agora avalia, junto com a família, se retorna ao Brasil ou permanece na Europa.
“Meu futuro aqui é incerto, mas está melhor do que antes”, disse.
O Ministério das Relações Exteriores informou que, por intermédio das Embaixada do Brasil em Kiev, presta a assistência consular devida ao nacional brasileiro.
Há 18 dias, o jovem compartilhou nas redes sociais um pedido de ajuda para deixar o país.
Segundo Lucas, o embarque para a Ucrânia ocorreu na intenção de trabalhar como operador de drones no combate, mas com o tempo ele percebeu que estava sendo treinado e direcionado para a infantaria.
No vídeo, Lucas alega ter contatado a Embaixada do Brasil na Ucrânia, onde foi informado de que a autoridade não pode interferir. Assista acima.
Em contrato assinado por ele com o Ministério da Defesa Ucraniano, o retorno ao Brasil não era permitido antes do prazo de seis meses – período mínimo para o treinamento. Ou seja, Lucas estava legalmente impedido de deixar o país até pelo menos dezembro de 2025.
O documento também estabelece que a quebra do contrato antes do prazo de três anos exige acordo entre as partes ou pode ocorrer por outros motivos, como saúde ou emergência familiar. Caso contrário, em uma eventual saída, o militar precisa devolver equipamentos recebidos ou reembolsar o valor dos itens.
Ministério recomenda que brasileiros recusem propostas de ir para guerras
O Ministério das Relações Exteriores divulgou um alerta sobre o alistamento voluntário de brasileiros em forças armadas estrangeiras, no contexto de conflitos armados.
Segundo o órgão, tem sido registrado aumento no número de casos brasileiros que morrem em conflito ou que se encontram dificuldades ao decidirem interromper sua participação nos exércitos.
Nesse sentido, o Ministério recomenda que propostas de trabalho para fins militares sejam recusadas. De acordo com eles, a assistência consular, nesses casos, pode ser severamente limitada pelos termos dos contratos assinados entre os voluntários e as forças armadas de outros países.
Para receber assistência consular necessária, brasileiros em situação de emergência em zonas de conflito podem entrar em contato com as Embaixadas do Brasil nos países em que se encontrem ou com o plantão da Divisão de Comunidades Brasileiras e Assistência Consular do Itamaraty.
A guerra entre Rússia e Ucrânia
A guerra na Ucrânia começou em fevereiro de 2022, quando o presidente russo, Vladimir Putin, autorizou uma ofensiva militar contra o território ucraniano. Desde então, o conflito provocou milhares de mortes, milhões de refugiados e intensos combates, especialmente no leste e sul do país.
A Ucrânia conta com apoio militar, financeiro e humanitário de países ocidentais, como os Estados Unidos e a União Europeia. A Rússia, por outro lado, enfrenta sanções econômicas internacionais. Apesar das negociações em curso, ainda não há perspectiva concreta de fim do conflito.
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