Tivi São Lourenço, 29 de abril de 2024
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Última casa de madeira entre arranha-céus em Balneário Camboriú será 'guardada' após desmontagem

Construção estava na Avenida Atlântica, onde fica o prédio mais alto do país, há mais de 60 anos.

Por G1/SC

Atualizado em 14/04/2024 | 09:14:00

A última casa de madeira da movimentada Avenida Atlântica, conhecida pelos prédios altos e luxuosos em Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, começou a ser desmontada após mais de 60 anos compondo a paisagem à beira-mar.

Segundo a construtora responsável, a residência será guardada após a retirada completa, prevista para a próxima semana. Na sexta-feira (12), o telhado já havia sido removido. Um prédio de 14 pavimentos, ainda em fase de projeto, será construído no local.

A decisão de desmontá-la partiu da própria empresa, sem qualquer solicitação por parte da família, informou a construtora. A companhia ainda estuda o que fazer com a estrutura.

A casinha branca de esquadrias e janelas vermelhas foi vendida em 2022 para a construtora de Itajaí, vizinha de Balneário Camboriú, após anos recebendo propostas de empresas.

O alvará de demolição já havia sido expedido pela prefeitura em 2023, mas a casa número 4100 teve direito a uma última temporada de verão em frente ao mar. A residência foi coberta por tapumes nesta semana.

A casa

Construída em 1956, a casa foi comprada por uma família de Itajaí na década de 1970, que pediu para não ter o nome divulgado. Eles passavam os verões na praia Central de Balneário Camboriú, local que passou por uma megaobra de alargamento da faixa de areia em 2021.

À repórter da NSC Dagmara Spautz, o já falecido patriarca falou, em 2012, sobre sua pequena joia à beira-mar. Ele lembrou saudoso de quando a Avenida Atlântica não passava de uma estreita e esburacada estrada de terra, e os terrenos eram povoados de lagartos.

Com um cenário bastante diferente, hoje a avenida abriga inclusive o prédio mais alto do país, com 290 metros, segundo Council on Tall Buildings and Urban Habitat (CTBUH) (veja mais abaixo).

O que explica

Especialista em mercado imobiliário, o corretor Bruno Cassola explica que, com os imóveis de alto padrão em alta, há uma transformação arquitetônica ocorrendo na cidade. "As construtoras têm interesse em adquirir matérias-primas, que são os terrenos", comenta.

"Uma casa de madeira com um portãozinho mais simples vai dar lugar a um grande empreendimento, que vai gerar um tributo para a cidade, que vai gerar uma obra de benfeitoria no entorno: pode ser um asfalto, um calçadão, uma praça", comenta.

Esses novos empreendimentos, segundo ele, tendem a vir com valores elevados. "Um lançamento hoje na Avenida Atlântica varia de 50 a 100 mil reais o metro quadrado privativo", detalha.

O município hoje tem o metro quadrado mais caro do país, conforme o índice FipeZap, com construções que chamam a atenção no cenário nacional, como os dois prédios mais altos do Brasil.

Um deles é conhecido pelo investimento de Neymar, que comprou ainda na planta uma cobertura avaliada em R$ 60 milhões.

Ainda na Avenida Atlântica, uma kitnet de 18 m² está à venda por R$ 1,6 milhão. O criador de conteúdo especializado em Construção Civil Jeferson Cherobin explicou que, como há muitas empresas interessadas em comprar empreendimentos antigos para dar lugar a novos projetos, o valor das propriedades tende a aumentar na região.

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